segunda-feira, 13 de abril de 2015

XXIV- Barreiras

Esse é um dos meus temas favoritos. E talvez o mais recorrente e profundo para ser pensado nesse isolamento de ideias que antecedem o "Anno XXXVIII".

Vou usar um exemplo simples. Por vezes, de folga, com dias bonitos e tudo o mais eu acabo pensando, mastigando, procastinando e deixo de sair de casa. Moro num lugar que, apesar da degradação ambiental generalizada, possui uma linda natureza. Uma laguna que pra mim é especial pela beleza dela - ainda que maltratada pela poluição- fora os outros tantos lugares que posso visitar sem necessariamente gastar muito. Diga-se de passagem, moro numa das regiões turísticas mais procuradas do RJ.

Mas penso: o que faz essa procrastinação? Pensar pura e simplesmente na preguiça é fundamental e é chave pra pensar no todo. Há um certo gozo em ficar no mesmo lugar, em casa, sem sair, ficar pensando como as coisas poderiam ser ao invés de fazê-las? E por que não fazê-las?

Simples: fazer implica dor. Entendamos como esforço também. Uma pessoa que faz uma trilha pra chegar no ponto mais alto de uma montanha ou morro quer, além da aventura, vislumbrar a paisagem no topo. Só que não é só a paisagem que interessa.

Por vezes penso: qual o sentido de uma pessoa escalar uma montanha alta, por exemplo? E eu digo que querer aplicar um "sentido" nisso é matar uma série de possibilidades. Mais que a mera superação que um futuro livro de auto-ajuda de algum escalador pode fazer em uma palestra após o seu feito. É que diante daquelas dificuldades há novas paisagens, novos aprendizados, uma série de coisas.

A questão é: não queremos abrir mão do conforto. A minha procrastinação vem desse engano.

E como tudo te consequências, tenho como resultado, dessa procrastinação, uma sensação de fechamento, angústia que se converte em agressividade. Existe uma parte de mim querendo a novidade, a escalada, o caminho até o topo da montanha. E não ouvir essa parte faz com que ela se volte contra mim e acabo descontando nos outros.

Então, fica como reflexão principal sobre essas barreiras que imponho a mim mesmo é que elas se comportam como grandes monumentos para evitar qualquer desprazer ou esforço, ou ao mesmo tempo uma transformação de mim mesmo (ainda que eu não acredite em um 'si mesmo'). Só que, diferente do Cavalo de Tróia, o inimigo não vem do lado de fora disfarçado. Ele habita em mim mesmo querendo dar um basta nisso. Nesse sentido, respirar também é fundamental.

As caminhadas, ainda que por vezes se pareçam dar em caminhos repetidos me fazem um bem danado. Porque estou, especialmente quando estou sozinho, em contato comigo mesmo, com novas reflexões. Longe da interferência dos outros (inclusive aquelas da internet) e podendo respirar e sentir de forma tranquila uma série de novas sensações. O doloroso nesse caso é só dar o primeiro passo para se mexer.

Se ouvir o outro é tarefa difícil, imagina ouvir um novo eu?


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