sexta-feira, 10 de abril de 2015

XXI- Ternura

Faz tempo que não uso essa palavra. No diminutivo é a cantora Wanderléa, que aliás, acho ótima.

Eu pensei em escrever sobre a delicadeza. Mas delicadeza é pouco para dar conta do que estou pensando e sentindo. Porque existem delicadezas que são sociais, fazem parte do convívio. Ternura tem algo sim delicado, tem algo amoroso talvez, ou é mais que amor, ou um pouco menos.
Não me preocupo no momento em situá-la.

Deve ter sido o filme que vi. Falava tanto de relações familiares e de outras pessoas com outras, fora do ambiente familiar. Uma pequena cidade antiga no interior da Itália.

Outro dia pensava em carência. Em como a obsessão por vezes impede de ver certas coisas. Uma preocupação única em satisfazer o ego "ei, estou aqui, me ame, me adore!". Na ternura talvez não tenha isso. Ternura é um dado de sensibilidade também, é intensa, mas vem de mansinho. Está em coisas aparentemente mais simples. E ela gosta dessa aparência, não precisa de grandes gestos. Há uma simplicidade grande nela.

E me dou conta de que há tempo não sentia. Mas talvez ela venha como uma febrinha baixa, como a de um resfriado que sinto agora. Incomoda, deixa a gente dentro de casa, mas não impede de fazer tudo, não derruba.

Já dizia a personagem do filme ainda que uma bala perdida, mesmo que não acerte, causa um desarranjo que é necessário. Não temer o erro faz com que sigamos os nossos desejos, a nossa felicidade. Não acredito em felicidade plena, mas com ternura, ah, tudo fica mais bonito sim.


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