quinta-feira, 9 de abril de 2015

XIX- Instante

No princípio era o Verbo. Temos vários, porque já temos juntos uma história. Parte dela já devidamente aberta e outra, tão forte que guardamos apenas para gente.

Abro a foto que estava guardada no computador. Observo a nossa felicidade e isso também me faz feliz. Você também me parece muito feliz.

A imagem me ajuda. Os momentos mais felizes são tão intensos que percebo um mecanismo de esquecimento em mim. Isso me frustra, pois seria melhor se eu pudesse me lembrar, dentro de mim mesmo, sem ter que apelar para um outro recurso. Um recurso fora de mim.

Penso em algo que pudesse me conectar com aquele dia, mas na memória tudo se parece turvo. Como foi aquele dia com detalhes? Sou incapaz de responder. Eu me lembro de nós dois, perto da água, rindo. E eu fazendo zilhões de fotos.

Porque ao invés de querer de fazer do passado um eterno instante, eu não me torno feliz na sua imortalidade passageira, aquela que depende de eu estar vivo para existir? E mais que instantes, mais que possibilidades futuras, mais que respostas sim e não, mais que possibilidades, eu simplesmente relaxo e penso no que você representa para mim?

Mesmo sendo uma sucessão de imagens quebradas, sobreposição de pessoas, sobreposição de sentimentos.


Mesmo que por um instante...


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